Uma tarde-noite
lusco-lusco no fuso da abóbada celeste
vi algumas nuvens passando
numa velocidade insólita
( O lusco-fusco é um verbete
no dicionário ou enciclopédia da noite
- um apontamento para a madrugada subseqüente
enregelada no glaciar da Patagônia
com a sequela do terror no ar rarefeito
na dispnéia dos pesadelos com Íncubos e Súcubos
na obra pictórica de Fussli
- um retrato sem daguerrótipo da noite
Escura na alma aflita )
Pareciam, as nuvens passageiras,
fac-símile de fantasmas
sob os clássicos lençóis alvacentos
esgarçados no matiz para uma ausência de cor
da garça branca
nada cromática ave magérrima
longo pescoço
- esgarçada nas nuvens implumes
com plumagem de gaivota-hiperbórea
- nada, nada nefelibata
bípede emplumado
com as patas plantadas na lâmina d'água do lago
enquanto o lago é peixe
nadando na piscina
- que o písceo nada na piscina
e (idem!) na piscicultura belicosa
do latim pagão de Roma dos Césares
a começar a arenga em Júlio César
escritor em campanha de general
ditador na República romana
As nuvens cantam a garça
exprimem rapsódias de garças geométricas
no desenho racional de Euclides
( miríades de Euclides
saindo do cupinzeiro
qual térmita, mariposa lépida
com o fito de espargir a semente da geometria
pelo mundo civilizado depois de Alexandre Magno
até marco aurélio do Império romano!...)
Ah! a graça da garça branca!
antes da barra da alva
lavar a flor de laranjeira
com abelhas operárias
mel e orvalho matinal
para quem pisou outro rocio
( ou atravessou o Rubicão! )
depois de passar a madrugada
no mundo onírico
de onde levantou com o sol no levante
para amar a luz viva
de outra aurora com alma
a espreguiçar no corpo vivo
depois dos passos sobre o aljôfar
arroio sem rumor
brotando da madrugada em vergônteas
dissimuldas nas trevas
medrando a medo
( A madrugada é a hora de alma
queda no corpo
quedo no leito
com o sonho dentro
a nadar a cavaleiro sobre o cavalo-marinho
no mar vermelho
revisitando o sangue
mar-oceano em clave no corpo humano
até que o homem seja trespassado
a fio de espada
e a água vire pó em segundos!
por ordem do românico império
múltiplo nos cavaleiros do Apocalipse
segundo a visão do profeta judeu
que assim descreveu o mundo da besta
pródiga em chifres! )
Todavia, vida de ave pernalta
com asas brandas-brancas
a adejar sobre a brandura da lagoa
em mansuetude de Jesus
no lago plácido
com plumas matizadas na brancura-alvura pura
flutuando suaves no canto vocal da nomenclatura de Lineu
em latim de missa
língua com a qual o sábio erudito
imortalizou a ave
a flora e a fauna
numa espécie nobilíssima
de poema de amor de naturalista
- autêntica epopéia digna da Musa
cantando a beleza coral do canto trágico dos gregos
emulando o belo poema épico : " A Eneida!"
da lavra de Virgílio Romano
ou a obra magnífica do excelso poeta latino Lucrécio
epicureu, epicurista de gênio
da pena do qual foi editada a obra "De Rerum natura"
com fulcro na filosofia de Epicuro de Samos
filósofo grego que fundo a doutrina do epicurismo
uma intuição genial da ciência moderna e coeva
Lineu deixou como legado de sua erudição
e inteligência viva e natural
um glossário da língua e da filosofia natural
na forma de nomenclatura binominal
que ainda contém sua alma viva
na inteligência viva aplicada à ciência taxionômica
- na sua taxionomia navega no ar
seu espírito encravado na alma
e esta grafada indelevelmente no pensamento
dentro de sua alma
conservada em gênios da natureza
escrita na estela dos genes
Naquele arrebol
as nuvens fugiam no vento
com almas de fantasmas
em formas fantasmagóricas
que mostrei à minha filha
quando ela tinha nove para dez anos
tempo que eu olhava para o verde do abacateiro
assomando sobre o telhado
da casa onde minha companheira
era a melancolia
a me espicaçar...
Assombrações, abantesmas, visagens de cemitérios
( a casa ficava nas era adjacências da necrópole
praticamente contígua ao campo santo)
meras sombras com algo de macabro, lúgubre
tétrico nas trevas a se reproduzir furiosamente
- seres que não estão fora do homem
não estão na existência natural
mas dentro da mente humana
apenas nesta forma de existência fictícia
enquanto seres dados pelo pensamento humano
porquanto para o homem
há uma existência intrínseca
onde convivem um acervo de seres
criados pelo pensamento
e que não têm existência de fato
porém apenas em ato
- no ato de pensar e imaginar
os seres dos sentidos internos
genuínos monstros de Frankenstein
modelados à base dos seres
percebidos pelos sentidos externos
na mixórdia entremeada de sonho e vigília
- noite apagada e dia aceso
madrugada em carvão
dilúculo em brasa
tempo Carbonífero ou Carbônico
éon Fanerozóico
sucessor do Devoniano
precede o Permiano
Eras, Épocas, Períodos
para as rochas calcárias
- tempo sem o homem
na Gondwana e na Pangéia
quando a vida vem montada na cavalinha
com alma verde-clorofila de amazona
a desbastar a antítese por hipérbato
e outras ( ostras sem ostracismo!)
figuras geométricas de linguagem
recursos da oratória
de priscas eras
quarta-feira, 29 de junho de 2011
segunda-feira, 27 de junho de 2011
ACRÓPOLE (wikcionario wik dicionario etimologico enciclopedico onomastico)
Eu vim da Hélade
de um lugar de muito verde na terra
e a subir os montes
e muito azul a descer mar
e a subir céu
por uma escada de anil
Meu pai recitava com frequência
um poema que dizia de verdes campos
e a evocação corriqueira desses violinistas verde
tocando a pedra revestida de formas herbáceas
de um verde intenso no clamor do violino
atestava que ele viera de longe
- originário de outras plagas além-mar!
Depois que cresci e vi ilhas gregas fotografadas
ao sol do mar Tirreno
( fonografadas Cíclades!...)
era como se olhasse
para o que meu pai descrevera no "salmo" doméstico
ou como se tivesse o vislumbre no horizonte
dos elementos naturais que compõe meu próprio corpo
porquanto toda a matéria corporal
a totalidade física e química
composta musicalmente no corpo humano
carrega a terra do lugar de origem
- e terra é também as ervas!...:
as ervas daninhas, arbustos, lianas ...
a alma vegetal a mover vida em animal, inseto...
plantas e planta do pé das aves palmípedes
pisando e marcando delevelmente
seu rasto na água do mar mediterrâneo...
- a fauna e o fauno
que representa a cultura
na tradição e no cântico dos mitos
na teogonia do poeta Hesíodo
ou no canto coral ou ditirambo
hino em uníssono
narrando apaixonadamente
um fato alegre ou sombrio...
( Seria o salmodiar intermitente do meu progenitor
memória genética
ou o que os simplistas denominam "coincidência"?!
Mas com tal incidência, veemência!...)
Assim soprava a voz no latim de Roma imperial : grego!
- ou Grécia! e não Hélade!
Neste modular do canto
com este sotaque se gravou
a melodia que é a fala
antes do gramofone
então em potência
e concomitantemente se grafou o nome
da terra dos helenos
a qual no ditirambo de Ésquilo
a harmonia cantada em coro
não vinha a sucumbir
e veio suscitar a voz para Hélade
graças à presença do corifeu
( Desde as tragédias ou cantos de poeta trágico Ésquilo
o dicionário onomástico para todas as regiões
habitadas por helenos
era Hélade e não Grécia
que veio a viger após o advento do filósofo macedônio
Aristóteles de Estagira
no cenário da tragédia mundial
Contudo, ganhou o canto da voz no latim de Roma
e no latim cristão
Outrossim proliferou sumariamente nos gentílicos
dos respectivos vernáculos
com os etnônimos para grego
oriundo do latim "Graecos"
- um outro macarrão
bem à moda italiana )
Vim da Hélade
não sei se passei pelo monte Parnaso
nem tampouco se pisei a erva daninha
a medrar imaginariamente nas bordas e sopé do monte Olimpo
onde os deuses são a natureza
a ninfa as águas
o ar o Zéfiro
que respira um moinho de vento de cada vez
no sorvo das narinas do moleiro
nominado num pássaro
que sabe a mar
- amar o mar das Cíclades
o mandrião-de-longa-cuda
que em latim de Lineu
tem as notas musicais na melodia
com um resquício de saudade do romano
a debicar assim o motejo no gorjeio em latim :
"Stercorarius longicaudus"
Não tenho o mar Egeu nos olhos
não trago um gole de água do mar jônico
não lembro da visão do Pártenon
de seu capitólio
nem da Acrópole em Atenas
mas talvez essa memórias
estejam escritas em língua de genes
que não é idioma de helenos na Hélade
Eu vim da Hélade
no corpo do meu antepassado
e estou aqui a olhar
as flores em formas de trombetas
matizadas de um roxo violáceo
no timbre de um violoncelo
a tocar a partitura lilás
ou matizadas no amarelo
- um amarelo Modigliani
a pintar sua esposa com suéter amarelo
no divã amarelo
com a expressão facial
de algum ser
cuja opção foi se plasmar
dentro do meu corpo
na plenitude do inexistencialismo céptico
sem vir à lume
para o tempo do homem fora no retrato
( que é a existência
e a consequente perda do ser para o ente fenomênico )
- queda antes do daguerrótipo e no fonógrafo
sem mover a pedra do tempo
que é um objecto de arquitetura e engenharia
do ser humano posto na existência
sob as regras naturais e sociais
que pesam uma cruz em gravidade!
- no orbe e na urbe
( Essa mulher sentado num divã
sobre e sob o amarelo-Modigliani em cantata
na ária do artista personalíssimo
seria um ser em concerto sinfônico para amarelo
ou para a lua em plenilúnio amarelo?! )
de um lugar de muito verde na terra
e a subir os montes
e muito azul a descer mar
e a subir céu
por uma escada de anil
Meu pai recitava com frequência
um poema que dizia de verdes campos
e a evocação corriqueira desses violinistas verde
tocando a pedra revestida de formas herbáceas
de um verde intenso no clamor do violino
atestava que ele viera de longe
- originário de outras plagas além-mar!
Depois que cresci e vi ilhas gregas fotografadas
ao sol do mar Tirreno
( fonografadas Cíclades!...)
era como se olhasse
para o que meu pai descrevera no "salmo" doméstico
ou como se tivesse o vislumbre no horizonte
dos elementos naturais que compõe meu próprio corpo
porquanto toda a matéria corporal
a totalidade física e química
composta musicalmente no corpo humano
carrega a terra do lugar de origem
- e terra é também as ervas!...:
as ervas daninhas, arbustos, lianas ...
a alma vegetal a mover vida em animal, inseto...
plantas e planta do pé das aves palmípedes
pisando e marcando delevelmente
seu rasto na água do mar mediterrâneo...
- a fauna e o fauno
que representa a cultura
na tradição e no cântico dos mitos
na teogonia do poeta Hesíodo
ou no canto coral ou ditirambo
hino em uníssono
narrando apaixonadamente
um fato alegre ou sombrio...
( Seria o salmodiar intermitente do meu progenitor
memória genética
ou o que os simplistas denominam "coincidência"?!
Mas com tal incidência, veemência!...)
Assim soprava a voz no latim de Roma imperial : grego!
- ou Grécia! e não Hélade!
Neste modular do canto
com este sotaque se gravou
a melodia que é a fala
antes do gramofone
então em potência
e concomitantemente se grafou o nome
da terra dos helenos
a qual no ditirambo de Ésquilo
a harmonia cantada em coro
não vinha a sucumbir
e veio suscitar a voz para Hélade
graças à presença do corifeu
( Desde as tragédias ou cantos de poeta trágico Ésquilo
o dicionário onomástico para todas as regiões
habitadas por helenos
era Hélade e não Grécia
que veio a viger após o advento do filósofo macedônio
Aristóteles de Estagira
no cenário da tragédia mundial
Contudo, ganhou o canto da voz no latim de Roma
e no latim cristão
Outrossim proliferou sumariamente nos gentílicos
dos respectivos vernáculos
com os etnônimos para grego
oriundo do latim "Graecos"
- um outro macarrão
bem à moda italiana )
Vim da Hélade
não sei se passei pelo monte Parnaso
nem tampouco se pisei a erva daninha
a medrar imaginariamente nas bordas e sopé do monte Olimpo
onde os deuses são a natureza
a ninfa as águas
o ar o Zéfiro
que respira um moinho de vento de cada vez
no sorvo das narinas do moleiro
nominado num pássaro
que sabe a mar
- amar o mar das Cíclades
o mandrião-de-longa-cuda
que em latim de Lineu
tem as notas musicais na melodia
com um resquício de saudade do romano
a debicar assim o motejo no gorjeio em latim :
"Stercorarius longicaudus"
Não tenho o mar Egeu nos olhos
não trago um gole de água do mar jônico
não lembro da visão do Pártenon
de seu capitólio
nem da Acrópole em Atenas
mas talvez essa memórias
estejam escritas em língua de genes
que não é idioma de helenos na Hélade
Eu vim da Hélade
no corpo do meu antepassado
e estou aqui a olhar
as flores em formas de trombetas
matizadas de um roxo violáceo
no timbre de um violoncelo
a tocar a partitura lilás
ou matizadas no amarelo
- um amarelo Modigliani
a pintar sua esposa com suéter amarelo
no divã amarelo
com a expressão facial
de algum ser
cuja opção foi se plasmar
dentro do meu corpo
na plenitude do inexistencialismo céptico
sem vir à lume
para o tempo do homem fora no retrato
( que é a existência
e a consequente perda do ser para o ente fenomênico )
- queda antes do daguerrótipo e no fonógrafo
sem mover a pedra do tempo
que é um objecto de arquitetura e engenharia
do ser humano posto na existência
sob as regras naturais e sociais
que pesam uma cruz em gravidade!
- no orbe e na urbe
( Essa mulher sentado num divã
sobre e sob o amarelo-Modigliani em cantata
na ária do artista personalíssimo
seria um ser em concerto sinfônico para amarelo
ou para a lua em plenilúnio amarelo?! )
domingo, 26 de junho de 2011
XILOGRAVURA (wikcionario wikipedia wik dicionario enciclopedico onomastico)
A história, enquanto ciência, ou presunção tal, nunca houve; o que
existiu foi a escrita, que buscou mitos, para colocar ritos e cantos
rituais de sacerdotes ou astros do rock e do pop, ritos para o senso
comum. A história e a escrita são, reciprocamente, espelho e imagem
espelhada, uma dualidade, mutualidade, da qual, por ser a mais simples
ou simplista forma de conhecer, faz emergir a idéia do maniqueísmo,
onipresente e onisciente e onipotente em todas as ciências, filosofias,
epistemologias, contos, poemas, epopéias, mitologias, enfim, em todas
as manifestações escritas ou faladas ( fonadas).
A história é a história do maniqueísmo, o pano de fundo ou o coro da
tragédia grega, onde está a ideia una e única ( o ser, o célebre ser,
posto na palavra, ao sair da mente humana de Parmênides, um grego de
Eléia, depois de postado para o mundo dos homens
( um correio e telégrafos! ); vocábulo entremeado com a idéia
inovadora, posto neste mundo ou universo social humano, que nos vem
em um cambulhada, numa multidão "plebéia" de vocábulos concatenados
pela gramática; aliás, o maniqueísmo é a gramática historial, da
história de tudo, pois esse "tudo" é a literatura sob as mais diversas
e divergentes formas escritas e faladas : poesia, prosa, drama,
retórica, sob as formas de ontologia, tecnologia, ciência, mito,
lenda... sob todas as formas literárias, incluindo a "literatura" das
matemáticas e a notação musical, a ópera e seus libretos, enfim, tudo
o que é escrito ( ou história ) e falado.
A ciência nunca foi mais que técnicas ou prestação de contas
( contabilidade, ciência contábil ) sobre a validade das técnicas que,
faladas ou postadas na escrita ( escrituração de livros didáticos não
difere da escrituração contábil; é o mesmo gestual a administrar
ritos sumários, também inseridos no Direito, outra forma contábil, mas
sob forma de signos linguísticos ao invés de signos e símbolos
catacterísticos na "terminologia" numérica matemática : a matemática
se expressa por números, ou seja, conta, mensura, exibe grandezas ) ou
na literatura especializada, se metamorfoseia em "tecnologia" : palavra
e artefacto, voz e produto humano manual, manufaturado ( ou
industrializado ), e mental ou intelectual : a nova face do Narciso na
lâmina d'água do arroio do suicida.
A palavra tecnologia é, outrossim, nome para os artefactos de ponta,
conceito, desenho, e discussão teórica sobre o funcionamento e a
feição desses objectos provenientes da razão.
A tecnologia e a ciência, no sentido econômico da palavra, é a mesma
face ou a mesma moeda com duas faces : a ciência e a indústria, fazem
interface, dependentes ambos do investimento e da direcção que tomarão as
ciências sob este investimento, para não dizer da palavra
"investimento" algo que possa ser maléfico em algum pólo maniqueísta.
Mas sempre o é, pois toma o parido do beneficiário dos lucros da
empresa, do capital. Retoma o maniqueísmo de Marx, a velha discussão
dos males que espalha essa promiscuidade entre ciência e indústria e,
concomitantemente, comércio, polêmica que também tem como objecto as
relações do estado, por seu governo ( homens, não nos esqueçamos! : o
governo é de um homem ou muitos, se o monarca é débil e os oligarcas
miríades de insetos no sentido-latim, latinório) e as empresas
industriais e comercias, pessoas jurídicas ( ou pessoas metafísicas,
metafóricas, metonímicas, pessoas para prosopopéia ), sob as ordens e
ato das pessoas reais ou físicas, sendo ambas atores e atrizes no
palco do mundo ou teatro da guerra ( ou “theatrum mundi” )e das
operações da política, outra guerra, sob formas de estratégia e
estratagemas que, quando falham, convoca os soldados para atirar sem
piedade, sem lembrar que há qualquer fábula democrática ou de Direitos
Humanos românticos, novas amadas idílicas para poetas em
degenerescência.
A ciência de fato ( não de Direito, que faz seus produtos metafísicos
de fábrica) sempre foi a filosofia, a ontologia, espistemologia,
noética, enfim, o espaço e tempo grego de pensar gregariamente e para
atender à agremiação dos gregários; a saber : ao grêmio que é o povo,
assembléia para Deus ou deuses. Pensar-povo.
Todavia, a ciência que, na realidade "existe"nos postulados da
filosofia ( filosofia é palavra modesta para um monte, no paradoxo; a
ciencia é uma "sorites" paradoxal ( o paradoxo sorites , um
super-herói em signos e pensamento, sempre apto a corrigir ou
testemunhar as agrúrias e penúrias do conhecimento, nunca firmamento
estribado, sobre o cavalo, um cavaleiro andante, ambulante, na Hélade,
onde explodiu o sintagma filosófico ), paradoxo recorrente em anfibologias ( frase tautológica) , que empalidece as coisas dadas nos entes, fenomenologicamente, sob o efeito do fenômeno, que é um efeito dos sentidos, desfocando o saber inato os animais e, consequentemente, nos
outros animais, para o conhecimento, que vem em signos e símbolos e
sinais naturais, indo começamos a ler o mundo e a construir o mundo
do homem, universo parcial, à parte ( mundo à parte, tempo idem) ,
brotado no âmbito da cultura, que molda tudo com seu maniqueísmo, o
qual faz a religião e a tecnologia primeva, que, posteriormente, se
transmuta em filosofia ou ontologia e seus desdobramentos e a tecnologia de Ponta ( na ponta de cada temo há uma para os artefatos, os quais vão "aumentando" ou amealhando o tempo
do homem no mundo, tempo esse posto e feito por esses artefactos. Vide
o relógio e em sua "história" na matéria e transformação da matéria
( indústria, processo industrial ou de industrialização ) e energia
( também labor ou trabalho físico, químico e mental do homem operando,
operante) e depois na história escrita pela mão do homem com a e pena
a ferir a superfície do pergaminho ( a religião está nos pergaminhos,
em rolos! E papiros, onde escrito está o “livro dos Mortos”, nome
imaginado pelos ocidentais para um livro-mapa-itinerário a orientar o
vindante (..."e sua sombra"!!!... ) no outro lado do mundo, ou abaixo
do horizonte para onde
descaiu o disco solar ) , os quais fazem a religião e artefatos
técnicas primitivas ou primordiais, primeiras línguas e linguagens
para o conhecimento erudito ).
A técnica dá uma noção lógica e frugal da ciência, pois a ciência se
transforma em técnica ; aliás, sua primeira aparição e linguagem está
sob a forma da técnica. A frugalidade da ciência não é nenhuma chacota
ou pilhéria sobre a vestimenta do imaginário arlequim posto não-vivo
nesta "folia" sem Foucault ou pêndulo, conquanto não vai aqui o
Foucault pendular ( Arlequim não-vivo é esta personagem sem alma,
pilhado da existência e da folia e alocado em "locus" para mera
locução ; enfim, um paradoxo dentre outros infinitos paradoxos que
rubricam a ciência como um complexo de dubiedades, um longo acervo de
anfibologias e incertezas : o princípio da incerteza em ato e de fato
consagrado em toda a história, que é pura e simples ontologia. A
ciência, em última instância, vem encorpar o paradoxo do arlequim, a
se vestir como um monarca para a outra "folia", a folia viva, não
morta em pergaminhos, papiros, livros para mortos, história e
itinerário para falecidos, paradoxo de Zeno, ou Zenão de Eléia, do
asno de Buridan; enfim, os paradoxos do conhecimento dão uma mostra do
que é o conhecimento ; aliás, o conhecimento é mera administração de
paradoxos ou é o conhecimento, auto-consciência de veneno ou vírus
letífero no "Corpus Aristotelicum", entremeado nesses paradoxos ; é um
conhecimento por paradoxos ou fundamentados nos paradoxos ou dos
paradoxos, levando a doxologia à falência, à septicemia paradoxal a
fulminar o ato de pensar, arrolando-o entre os atos nulos, nulidades,
nadidades, nafidicação ).
Contudo a técnica é apenas uma face da ciência.
Esta relação promíscua entre ciência e industrial, restringe o objeto
da ciência, alija a filosofia, a axiologia, a noética e outros campos
onde ocorre a ciência independente, que é tudo o que a indústria e o
mercado , a política, outra indústria e comércio, aspiram e articulam
nos bastidores. Para isso o estratagema é o de desarticular a
filosofia que, sob este nome simplista, originário de efeito
conotativo de época, um efetivo “conotador”, abriga sob a rubrica
“filosofia” uma quantidade e qualidade de ciências livres, um vasto
acervo do espírito humano, uma saga do pensamento, atravessando tempos
construídos e arquitetados pelo homem, sob a égide da “filosofia que,
a saber, mais que uma mera paixão pela sabedoria ou pelo conhecimento,
que diverge da sabedoria intrinsecamente e extrinsecamente, contém um
monte de disciplinas científicas de fato e de Direito, na melhor
tradição do termo em sentido kantiano ; a filosofia, essa paixão
( “pathos”) grego , invenção exclusiva dos filósofos da vetusta
Hélade,o helenismo, tem inúmeras faces, tantas quantas são os Narcisos
a especular sua imagem : a ontologia, a epistemologia, a noética ( não
considero a ética ciência, mas mera técnica comportamental,
racionalizada ), a teologia, a gnoseologia ( considerando a
gnosiologia religião e parte da teologia, cujo objecto não é preclaro,
bem como ciências que se perderam para o mercado : psicologia sem
perspectiva filosofante, sociologia voltada para a arte da política
e, concomitantemente, da polícia, para servir ao mercado controlado
pelo direito, esses dois novos leviatãs que Hobbes não pode ler nem
tampouco por enquanto objecto de sua ciência. Hobbes tinha uma ciência
; aliás, a ciência não sai da esfera individual : quando vai ao
coletivo se transmuta qual um deus Proteu ( daí provem a palavra
“proteína”) de mil faces e facetas.
Pode ser visto, esse deus dos mares, em xilogravura de 1531. O tempo
está na xilogravura exposta.
A ciência no mercado e para fins de mercância , obra para mercadores
( isso a ciência atual e de sempre, excepto alguns raros lampejos ainda
lidos e escritos por poucos, que fazem a história, que é antes de mais
nada a história do pensamento, algo ontológico, epistemológico,
noético, gnoseológico, etc. ) concentra toda sua energia de forma
inercial num pólo do maniqueísmo interessante aos senhores do momento
ou do tempo inventado de novo pelo homem que o vive.
Destarte, a pseudociência perde o contato com o outro ponto antípoda
da tensão privilegiada ou escolhida ao alvedrio dos interesses
momentâneos ou temporais e, ao preterir uma polaridade em benefício de
outra, planta um núcleo na relação, a qual., em detrimento do pólo
preterido, anula o conhecimento no que tange ao espaço e tempo
presente entre as polaridades antitéticas responsáveis pelo movimento
ou pelo passar do tempo pelo espaço bipolar ou de polaridade quase
nula, desarmando o gatilho do maniqueísmo, que parece onipresente, ao
menos na estrutura do pensamento humano, em todas as culturas, ou
seja, o maniqueísmo é universal, mas o processo e os procedimentos o
mitigam ou anula no ato do conhecimento, o que faz supor que o
maniqueísmo é parte da existência, não figura somente na essência,
porém,além de servir ao homem doutrinariamente, o homem o torce e
distorce à vontade, à revelia, ao imprimir seus interesses sobre o
maniqueísmo, que, destarte, funciona somente em num pólo, anulando ou
mitigando os efeitos do outro pólo, ao menos no pensamento expresso
por símbolos, signos, na geometria, religião e outras formas de
conhecer ou saber.
Anulando ou mitigando o fluxo entre polaridades, o homem altera, na
mente, por meio de doutrinas, a visão ou concepção do fluxo natural
nas relações sociais, conquanto não o faça quando se trata de aplicar
o conhecimento e a sabedoria na arquitetura e construção dos artefatos
bélicos, utilitários, sacros, lingüísticos, teóricos, enfim, em todo o
cabedal social ou que se diz social, no estratagema, no ardil que se
usa para afastar o povo dos bens comuns, que se tornam incomunicáveis
no processo.
A hegemonia do sistema financeiro modificou todas as relações,
consoante previu e analisou Marx. Nos tempos de antanho, os reis eram
anunciados com trombetas e vinha acompanho de uma comitiva, ou séqüito
real, numa carruagem especial, luxuosa, ou carregado por escravos ou
servos numa espécie de palanquim ou literia, enfim, algo desse jaez.
Outrossim, os espetáculos animavam as festas dos reis na coorte com
dançarinos hábeis, cantores, contorcionistas, enfim, todo um aparato
que hoje está no circo e mais recentemente na televisão, pois o circo
também perdeu espaço mercadológico para a televisão, que,literalmente
“roubou a cena”.
Na atualidade, com a ascensão do mercado em lugar, que passou a ser um
peão representando o dinheiro e a nova deusa “Economia”, para quem
deve-se fazer encômios graciosos e gratificantes,o trono e o cetro
real foram ocupados pela nossa diva e rainha dos pobres e dependentes
viciados em mídias, que podem ver e ouvir qualquer espetáculo pela
televisão como se fossem novos reis, embora sem poder algum, porém com
postura real, comprando geléia real , sendo reis escravos ou
escravizados no divã, ouvindo a mídia que vende os produtos das
indústrias e do comércio, na nova corrida do ouro : a corrida
tecnológica, que emprega a ciência, que são os cientistas, um novo
batalhões de frades ou soldados disciplinados e sob ordens severas,
ordens militares dos senhores que comandam as grandes “guildas” atuais
( empresas e outras instituições afins ou tais e quais ) ou grandes
corporações, com seus monopólios, cartéis, trustes, franquias, etc.,
para atender o apetite voraz dos novos imaginários reis e sua
dinastia, todos devidamente sentados, esses novos-reis ou novos ricos
ou a classe média no divã, regentes imaginários de um reino do
consumo, a ouvir com êxtase as trombetas a tocar nos filmes ( não em
Jericó, com Josué) , porém no antigo cinema e hoje na confortável sala
de estar : poltrões derreados na poltrona.
Eis uma fórmula que a maniquéia usa para polarizar exageradamente uma
mania de época, que apaixona as pessoas escritas para este drama
cômico, canhestro, que ficam desamparadas de maniqueísmo, uma vez que
o maniqueísmo que parece ter uma função clara na natureza, na
inteligência animal focada no saber, mas que o homem, ao construir o
tempo, com sua maniquéia , opera um obscurecimento no saber através da
operação do conhecimento, que vem por palavras, sempre passíveis de
servirem como artefatos de engodo, escravizando o pensamento através
de sofismas requintados e falsa erudição, o que não é novidade, e sim
palavra vetusta na Grécia antiga, já na boca do Sócrates platônico.
O tempo do homem também e, principalmente, é construído com fulcro num
ajuste da maniquéia para servir os fins dos que comandam e mandam
construir a casa do tempo ou história, que está escrita em todos os
seus artefatos, em toda manifestação cultural e na alocação da
maniquéia para a época. Esse “locus” em transliteração repudia e
tripudia da maniquéia antiga e desenha um novo objeto de estudo.
O estudo do tempo é o tempo, enquanto idéia do homem em sua relação
cósmica, cosmológica e social.
O ser do conhecimento, que, socialmente, para o senso comum, escapa ao
crivo da sabedoria vulgar, provado que é por entes não probos, mas
réprobos interesseiros, interessados no processo e na urgência de
provar, mesmo através de fraudes, o que se quer impor ao grande
público passivo e omisso, é posto então neste “locus” enquanto objeto
moldado por uma ciência do que se quer, o que se anela, aquilo que se
deseja com ardor, enfim, uma ciência ou sub-ciência a serviço da
política, ou do poder, indiferente a qualquer suposta verdade oficiosa
que não pode provar nem reprovar nada, porquanto não tem autoridade
nem poder sem nenhum para fazê-lo ; são réprobos antes mesmo de
qualquer gesto de defesa num processo cognitivo no qual a capacidade e
a autoridade para produzir provas já está determinado de forma
imutável em lei que, outrossim, nomeia ou encarrega as pessoas ou
peritos que podem provar ou ter acesso às provas.
Ninguém, enquanto indivíduo, pode provar nada, nem sequer ter acesso
aos métodos e conhecimentos proibitivos que conduzem à prova. Todo
poder, em sociedade totalitária, de leis sobre a cabeça do homem, é
usurpado do indivíduo, exceção feita aos indivíduos no poder.
A ciência não é senão uma técnica para pensar como fazer sobre objetos
e com objetos, a fim de defender o homem das intempéries naturais,
dentre as quais estão as doenças. É uma técnica embasada nas normas
coercitivas da gramática ( a gramática exerce uma coerção severa )
cujo escopo é comunicar o pensamento técnico ou o fazer e como fazer :
este o âmbito de toda sua literatura.
Vasculhar o pensamento, os objetos do pensamento e da ciência, ter ou
por o pensamento por objeto, no “locus”, enfim, por o ser, a tese,
posicioná-lo no “locus” é função da epistemologia, cujo escopo é o
estudo da fenomenologia do espírito humano, ou seja, tem como objetivo
estudar ou tratar o pensamento e a sensibilidade, os sentidos
externos ; dos fenômenos captados e da transmutação desses fenômenos
por meio de conceitos.
Quem investida o universo é a filosofia ( quem se fia na filosofia! ),
não enquanto “amor” ou “paixão” apenas, mas como razão, juízos,
postulados, através da ontologia, espistemológica, noética, etc.,
partindo sempre de uma gnoseologia, que a ciência não postula, nem tem
liberdade, independência, emancipação para postular.
A ciência é a filosofia menor de hoje e de ontem, quando era
epicurismo e depois ao se rebaixar à uma menoridade de retardado
mental na doutrina tresloucada do cristianismo que, não obstante, é
boa política para o povo simplório,boçal, incapaz de entender poesia
ou filosofia e mesmo, muitas vezes, até a ciência com a qual convivem
enquanto profissionais da área.
Ciências são filosofias restritivas, obedientes aos métodos ou
metodologias para condenados ou prisioneiros em novas galés, gente não
livre, nem livre-pensador, nem tampouco livres e emancipados enquanto
ser humano autocrático, mas “criaturas” presas às regras e princípios
da filosofia que as norteiam, bússolas úteis apenas para atender
certas áreas do conhecimento e limitadas ao trabalho sobre objetos
determinados e delimitados filosoficamente, mas não para o
conhecimento livre, sem peias, que é o objeto ou “locus” de estudo da
filosofia, que representa e é o pensamento na maioridade, na plenitude
do tempo, capaz, inclusive de dialogar com filósofos de todos os
tempos. Os cientistas, homens sofríveis, alienados nas pessoas
patéticas do discurso, ou nas personagens a representar no teatro
social, meras bússolas a apontar maquinalmente o norte magnético,
tornam-se, elas mesmas, objetos de maquinações alheias, que as colocam
abaixo das estruturas gramaticais ou jurídicas, das doutrinas
revestidas de sua maniquéia em voga, na moda.
Aristóteles até hoje mantém um diálogo profícuo com os filósofos de
todos os tempo e e cada vez mais, mormente,com os atuais.
A ciência, que não possui consciência do conhecimento, nem tampouco e
muito menos auto-consciencia ( cientistas não desenvolvem a
auto-consciência ou auto-leitura, se tais há, ou epistmologia própria
e alienígena do filósofo ( ou filostrato ), são homens mais limitados,
prisioneiros entre as grades e a máscara de ferro de seu tempo,
restritos a este tempo que imaginam ser o único e último ou até o
eterno ( e não o tempo, mormente depois da operação-ressurreição do
cristianismo ) , encarnados e vestidos, marcados a ferrete e fogo pelo
logotipo e logomaquias temporais, os diatribes versus a dogmática,
tudo no bojo do maniqueísmo clássico ou revestido de modernidade,
“tempos modernos” com Chaplin no cinema mudo, tartamudo ).
A ciência, que é o homem em sua alienação encarnada ou representada na
pipeta do químico , não apresenta evolução consciente, por isso morre
com a idade do homem que a criou : é um produto do tempo. Vide a
psicanálise e Freud ou a filosofia natural de Isacc Newton. que,
aliás, por ter uma certa perspectiva com nuance filosofante , durou
mais e ainda é útil à engenharia, orienta a engenharia, ou seja,
cumpre o papel da ciência, que é dar voz aos artefatos tecnológicos
com a língua e as linguagens ou idiomas matemáticos, que não falam,
mas escrevem em signos próprios e símbolos. Vide quão vivo continua o
pensamento de Marx ( "O Capital" ), na sociologia e na economia, que
com ele ganharam
um estudo humano ou humanista, se querem assim assinar o ato humano
que a filosofia proporciona e a ciência denega, pois só serve ao
trabalho e, evidentemente, ao capital, à indústria, comércio...
Essas proposições heréticas que não vão agradar a ninguém evoca a
função dos paradoxos no conhecimento, cujo fito é relativizar o
conhecimento, num relativismo essencial, pois o conhecimento jamais é
absoluto e sobrevive no ser humano, sujeito de relações múltiplas,
multifacetadas ; este paradoxo da análise abordaria ou faria um
levantamento ou inventário da doseometria para o verdade ou realidade
ou para o conhecimento, que está entre eles, mas não é nenhuma delas :
é apenas um esforço contínuo.
Tal paradoxo poderia ser proposto assim : poderia o cientista , pago e
na universidade investido das honrarias e insígnias ter a liberdade,
carente de as remuneração, dentro de si ao menos, ter capacidade
“livre” e poder para conhecer ou ousar conhecer algo da verdade que
fira os interesses de seus patrões? Mais: poderia alguém livre dessas
peias sociais, não envolvido profissionalmente ter alguma
possibilidade de conhecer algo da verdade ? Quais os impedimentos
capazes de estorvar a liberdade ou influir de forma sutil e
imperceptível em cada um dos seres postados e envolvidos ou
encapsulados socialmente e ainda na sua eqüidistância enquanto um ser
humano como referencial? Isso levaria ao “princípio da incerteza
somente na física quântica ou seria um princípio epidêmico? – endêmico
no homem.
Tanto é técnica a ciência, técnica expressa no léxico, com verbetes,
glossário, assim como o é a matemática que exprime esta mesma técnica
com outro jargão e signos e símbolos com maior grau de economia e
efetividade, ou servir à técnica é o objetivo prioritário da
“ciência” divorciada da filosofia, a o menos no que planta o anelo dos
cientistas inflados por uma vaidade monstruosa, que a adição da
palavra “logia”, cujo escopo é dizer, exprimir, em “logos”, palavra
cuja etimologia vem do grego “filosófico” e poético em Homero, que
está em raiz do “chão” na formação do vocábulo“tecnologia”, pois o
termo denuncia a função da ciência em seu destino ou em seu rumo
escatológico”, que a ciência não objetiva senão dar expressão, assim
como as linguagens matemáticas e algébricas, à técnica, falar da
técnica ou seja : dizer, estudar, ser ciência em função da técnica e,
tudo o que tem e pode dizer é tecnologia, exprimir o discurso para o
fazer embasado em conceitos lexicais e matemáticos, palavra ou
concepção e desenhos que ajustam essa a concepção aos postulados e
teoremas da geometria, que é o ramo conceitual da matemática. As
matemáticas são ciências numenais ou noumenais, vinculadas
indissoluvelmente à prática ou à indústria e mercancia. Vide o numenal
e o noumenal.
A filosofia, por seu turno, é a inutilidade dos gênios sábios, dos
eruditos que atingiram o cume da maturidade intelectual e de vivência,
experiência. Originária da poética, que funda a religião e a ciências
( outro artigo ou profissão de fé cega, ingênua ), a filosofia é o
cume da sabedoria e do conhecimento, em oposição à ciência ( o
cientista é a ciência! E o filósofo a filosofia! : o resto é erro
formal e plural, pluralidade de equívocos).
Na realidade, a ciência, cuja alma que vivifica o espírito do homem
está em ato no homem que se aliena para fazer ciência ou pensar
insulado do mundo por uma mar de abstração ( um oceano Atlântico ou
pacífico ou indico abstrato! deixando o náufrago em solitude no areal
da ilha de Robinson Crusoé), não enfrenta a prova do saber ou a
sabedoria, que só pode ser provada individualmente, para ser
fidedigna, e pelo homem probo, cuja probidade é indubitável, o que é
quase impossível se não for realizada pelo próprio indivíduo,
porquanto a credibilidade de outrem é credulidade fundada em vanidade,
pois o ser humano, em geral, é mendaz e susceptível de erros crassos,
bem como movido por interesses escusos, quase sempre.
Pessoas crédulas são aquelas que em menoridade mental, moral que não
provaram o mundo por si, mas aleatoriamente, pelas provas das línguas
com enzimas ou sem enzimas de outros seres humanos, em geral
interessados numa verdade românica, imperial ou romântica,quando não
louvadas em motivo torpe, que é o mais comum, corriqueiro na pocilga
social, onde os políticos, seres reles, promíscuos, despóticos,
pérfidos, estão a coibir a maioria dos animais domesticados nas
escolas com a vara da lei ou da justiça, ou o paradoxo que tem a
alcunha de justiça. Uma cega mendiga esculpida por um Rodin venal.
A ciência não almeja a verdade, mas com a política ; o cientista
sequer fareja o saber, é cega para a sabedoria, indiferente; o que
importa nesse “locus” é o resultado econômico, financeiro, ou pessoa
ficta, que comanda o mundo enquanto escudo dos poderosos, que se
escondem sob a instituição e sob as picuinhas casuísticas da lei ; os
casuísmos...; enfim, a ciência está restrita a um conhecimento
limitado, ao que é plosivo ou oclusivo na consoante. Pouco além disso
vai seu vocabulário ou dicionário no vernáculo. Sobrevive de um jargão
mal definido ou cujos conceitos jamais podem ler as concepções
espaciais e temporais exprimidas pelas artes plástica ou pela
literatura, quando surge um Dostoievski ou um Kafka a ver toda a
sociologia invisível ao sociólogo comuníssimo, agrilhoado e fustigado
pelo aguilhão escolar, o cilício da educação, universitário ou outros
nomes assim pomposos que atestam o testemunho de Erasmo de Roterdan ,
o qual prova de cabalmente, de forma cabal e fática, todos os
movimentos da política em sociologia, apenas se utilizando do fato
notório presente ou onipresente em cada dia e pelos séculos e séculos,
amém e amem, se quiserem ou puderem amar a loucura, a folia descrita
em Michel Foulcaud, na mesma linha do humanista holandês, a espoliar
Luciano, na Menipéia, Apuleio e outros sábios eruditos que descrevem o
homem comum enquanto investidos do poder e das insígnias do asno
dourado, o asno de ouro, que pode ser um imperador, um papa ,bispo,
rei ou presidente ou um acadêmico bufão a palestrar, ou melhor, a
palrar na esteira do truão tolerado pelo monarca, seja quem quer que
seja o monarca ou que referencial se tomou para a monarquia, que tem
seu “eterno retorno” social .
Hoje o monarca tem seu trono no divã da sala de estar do pequeno
burguês pós-marxismo, outra utopia que, não obstante, como
conhecimento é fundamenta na sua maniquéia poética-religiosa-atéia, o
que é um paradoxo inovado. Outro asno de Buridan, caro Erasmo.
existiu foi a escrita, que buscou mitos, para colocar ritos e cantos
rituais de sacerdotes ou astros do rock e do pop, ritos para o senso
comum. A história e a escrita são, reciprocamente, espelho e imagem
espelhada, uma dualidade, mutualidade, da qual, por ser a mais simples
ou simplista forma de conhecer, faz emergir a idéia do maniqueísmo,
onipresente e onisciente e onipotente em todas as ciências, filosofias,
epistemologias, contos, poemas, epopéias, mitologias, enfim, em todas
as manifestações escritas ou faladas ( fonadas).
A história é a história do maniqueísmo, o pano de fundo ou o coro da
tragédia grega, onde está a ideia una e única ( o ser, o célebre ser,
posto na palavra, ao sair da mente humana de Parmênides, um grego de
Eléia, depois de postado para o mundo dos homens
( um correio e telégrafos! ); vocábulo entremeado com a idéia
inovadora, posto neste mundo ou universo social humano, que nos vem
em um cambulhada, numa multidão "plebéia" de vocábulos concatenados
pela gramática; aliás, o maniqueísmo é a gramática historial, da
história de tudo, pois esse "tudo" é a literatura sob as mais diversas
e divergentes formas escritas e faladas : poesia, prosa, drama,
retórica, sob as formas de ontologia, tecnologia, ciência, mito,
lenda... sob todas as formas literárias, incluindo a "literatura" das
matemáticas e a notação musical, a ópera e seus libretos, enfim, tudo
o que é escrito ( ou história ) e falado.
A ciência nunca foi mais que técnicas ou prestação de contas
( contabilidade, ciência contábil ) sobre a validade das técnicas que,
faladas ou postadas na escrita ( escrituração de livros didáticos não
difere da escrituração contábil; é o mesmo gestual a administrar
ritos sumários, também inseridos no Direito, outra forma contábil, mas
sob forma de signos linguísticos ao invés de signos e símbolos
catacterísticos na "terminologia" numérica matemática : a matemática
se expressa por números, ou seja, conta, mensura, exibe grandezas ) ou
na literatura especializada, se metamorfoseia em "tecnologia" : palavra
e artefacto, voz e produto humano manual, manufaturado ( ou
industrializado ), e mental ou intelectual : a nova face do Narciso na
lâmina d'água do arroio do suicida.
A palavra tecnologia é, outrossim, nome para os artefactos de ponta,
conceito, desenho, e discussão teórica sobre o funcionamento e a
feição desses objectos provenientes da razão.
A tecnologia e a ciência, no sentido econômico da palavra, é a mesma
face ou a mesma moeda com duas faces : a ciência e a indústria, fazem
interface, dependentes ambos do investimento e da direcção que tomarão as
ciências sob este investimento, para não dizer da palavra
"investimento" algo que possa ser maléfico em algum pólo maniqueísta.
Mas sempre o é, pois toma o parido do beneficiário dos lucros da
empresa, do capital. Retoma o maniqueísmo de Marx, a velha discussão
dos males que espalha essa promiscuidade entre ciência e indústria e,
concomitantemente, comércio, polêmica que também tem como objecto as
relações do estado, por seu governo ( homens, não nos esqueçamos! : o
governo é de um homem ou muitos, se o monarca é débil e os oligarcas
miríades de insetos no sentido-latim, latinório) e as empresas
industriais e comercias, pessoas jurídicas ( ou pessoas metafísicas,
metafóricas, metonímicas, pessoas para prosopopéia ), sob as ordens e
ato das pessoas reais ou físicas, sendo ambas atores e atrizes no
palco do mundo ou teatro da guerra ( ou “theatrum mundi” )e das
operações da política, outra guerra, sob formas de estratégia e
estratagemas que, quando falham, convoca os soldados para atirar sem
piedade, sem lembrar que há qualquer fábula democrática ou de Direitos
Humanos românticos, novas amadas idílicas para poetas em
degenerescência.
A ciência de fato ( não de Direito, que faz seus produtos metafísicos
de fábrica) sempre foi a filosofia, a ontologia, espistemologia,
noética, enfim, o espaço e tempo grego de pensar gregariamente e para
atender à agremiação dos gregários; a saber : ao grêmio que é o povo,
assembléia para Deus ou deuses. Pensar-povo.
Todavia, a ciência que, na realidade "existe"nos postulados da
filosofia ( filosofia é palavra modesta para um monte, no paradoxo; a
ciencia é uma "sorites" paradoxal ( o paradoxo sorites , um
super-herói em signos e pensamento, sempre apto a corrigir ou
testemunhar as agrúrias e penúrias do conhecimento, nunca firmamento
estribado, sobre o cavalo, um cavaleiro andante, ambulante, na Hélade,
onde explodiu o sintagma filosófico ), paradoxo recorrente em anfibologias ( frase tautológica) , que empalidece as coisas dadas nos entes, fenomenologicamente, sob o efeito do fenômeno, que é um efeito dos sentidos, desfocando o saber inato os animais e, consequentemente, nos
outros animais, para o conhecimento, que vem em signos e símbolos e
sinais naturais, indo começamos a ler o mundo e a construir o mundo
do homem, universo parcial, à parte ( mundo à parte, tempo idem) ,
brotado no âmbito da cultura, que molda tudo com seu maniqueísmo, o
qual faz a religião e a tecnologia primeva, que, posteriormente, se
transmuta em filosofia ou ontologia e seus desdobramentos e a tecnologia de Ponta ( na ponta de cada temo há uma para os artefatos, os quais vão "aumentando" ou amealhando o tempo
do homem no mundo, tempo esse posto e feito por esses artefactos. Vide
o relógio e em sua "história" na matéria e transformação da matéria
( indústria, processo industrial ou de industrialização ) e energia
( também labor ou trabalho físico, químico e mental do homem operando,
operante) e depois na história escrita pela mão do homem com a e pena
a ferir a superfície do pergaminho ( a religião está nos pergaminhos,
em rolos! E papiros, onde escrito está o “livro dos Mortos”, nome
imaginado pelos ocidentais para um livro-mapa-itinerário a orientar o
vindante (..."e sua sombra"!!!... ) no outro lado do mundo, ou abaixo
do horizonte para onde
descaiu o disco solar ) , os quais fazem a religião e artefatos
técnicas primitivas ou primordiais, primeiras línguas e linguagens
para o conhecimento erudito ).
A técnica dá uma noção lógica e frugal da ciência, pois a ciência se
transforma em técnica ; aliás, sua primeira aparição e linguagem está
sob a forma da técnica. A frugalidade da ciência não é nenhuma chacota
ou pilhéria sobre a vestimenta do imaginário arlequim posto não-vivo
nesta "folia" sem Foucault ou pêndulo, conquanto não vai aqui o
Foucault pendular ( Arlequim não-vivo é esta personagem sem alma,
pilhado da existência e da folia e alocado em "locus" para mera
locução ; enfim, um paradoxo dentre outros infinitos paradoxos que
rubricam a ciência como um complexo de dubiedades, um longo acervo de
anfibologias e incertezas : o princípio da incerteza em ato e de fato
consagrado em toda a história, que é pura e simples ontologia. A
ciência, em última instância, vem encorpar o paradoxo do arlequim, a
se vestir como um monarca para a outra "folia", a folia viva, não
morta em pergaminhos, papiros, livros para mortos, história e
itinerário para falecidos, paradoxo de Zeno, ou Zenão de Eléia, do
asno de Buridan; enfim, os paradoxos do conhecimento dão uma mostra do
que é o conhecimento ; aliás, o conhecimento é mera administração de
paradoxos ou é o conhecimento, auto-consciência de veneno ou vírus
letífero no "Corpus Aristotelicum", entremeado nesses paradoxos ; é um
conhecimento por paradoxos ou fundamentados nos paradoxos ou dos
paradoxos, levando a doxologia à falência, à septicemia paradoxal a
fulminar o ato de pensar, arrolando-o entre os atos nulos, nulidades,
nadidades, nafidicação ).
Contudo a técnica é apenas uma face da ciência.
Esta relação promíscua entre ciência e industrial, restringe o objeto
da ciência, alija a filosofia, a axiologia, a noética e outros campos
onde ocorre a ciência independente, que é tudo o que a indústria e o
mercado , a política, outra indústria e comércio, aspiram e articulam
nos bastidores. Para isso o estratagema é o de desarticular a
filosofia que, sob este nome simplista, originário de efeito
conotativo de época, um efetivo “conotador”, abriga sob a rubrica
“filosofia” uma quantidade e qualidade de ciências livres, um vasto
acervo do espírito humano, uma saga do pensamento, atravessando tempos
construídos e arquitetados pelo homem, sob a égide da “filosofia que,
a saber, mais que uma mera paixão pela sabedoria ou pelo conhecimento,
que diverge da sabedoria intrinsecamente e extrinsecamente, contém um
monte de disciplinas científicas de fato e de Direito, na melhor
tradição do termo em sentido kantiano ; a filosofia, essa paixão
( “pathos”) grego , invenção exclusiva dos filósofos da vetusta
Hélade,o helenismo, tem inúmeras faces, tantas quantas são os Narcisos
a especular sua imagem : a ontologia, a epistemologia, a noética ( não
considero a ética ciência, mas mera técnica comportamental,
racionalizada ), a teologia, a gnoseologia ( considerando a
gnosiologia religião e parte da teologia, cujo objecto não é preclaro,
bem como ciências que se perderam para o mercado : psicologia sem
perspectiva filosofante, sociologia voltada para a arte da política
e, concomitantemente, da polícia, para servir ao mercado controlado
pelo direito, esses dois novos leviatãs que Hobbes não pode ler nem
tampouco por enquanto objecto de sua ciência. Hobbes tinha uma ciência
; aliás, a ciência não sai da esfera individual : quando vai ao
coletivo se transmuta qual um deus Proteu ( daí provem a palavra
“proteína”) de mil faces e facetas.
Pode ser visto, esse deus dos mares, em xilogravura de 1531. O tempo
está na xilogravura exposta.
A ciência no mercado e para fins de mercância , obra para mercadores
( isso a ciência atual e de sempre, excepto alguns raros lampejos ainda
lidos e escritos por poucos, que fazem a história, que é antes de mais
nada a história do pensamento, algo ontológico, epistemológico,
noético, gnoseológico, etc. ) concentra toda sua energia de forma
inercial num pólo do maniqueísmo interessante aos senhores do momento
ou do tempo inventado de novo pelo homem que o vive.
Destarte, a pseudociência perde o contato com o outro ponto antípoda
da tensão privilegiada ou escolhida ao alvedrio dos interesses
momentâneos ou temporais e, ao preterir uma polaridade em benefício de
outra, planta um núcleo na relação, a qual., em detrimento do pólo
preterido, anula o conhecimento no que tange ao espaço e tempo
presente entre as polaridades antitéticas responsáveis pelo movimento
ou pelo passar do tempo pelo espaço bipolar ou de polaridade quase
nula, desarmando o gatilho do maniqueísmo, que parece onipresente, ao
menos na estrutura do pensamento humano, em todas as culturas, ou
seja, o maniqueísmo é universal, mas o processo e os procedimentos o
mitigam ou anula no ato do conhecimento, o que faz supor que o
maniqueísmo é parte da existência, não figura somente na essência,
porém,além de servir ao homem doutrinariamente, o homem o torce e
distorce à vontade, à revelia, ao imprimir seus interesses sobre o
maniqueísmo, que, destarte, funciona somente em num pólo, anulando ou
mitigando os efeitos do outro pólo, ao menos no pensamento expresso
por símbolos, signos, na geometria, religião e outras formas de
conhecer ou saber.
Anulando ou mitigando o fluxo entre polaridades, o homem altera, na
mente, por meio de doutrinas, a visão ou concepção do fluxo natural
nas relações sociais, conquanto não o faça quando se trata de aplicar
o conhecimento e a sabedoria na arquitetura e construção dos artefatos
bélicos, utilitários, sacros, lingüísticos, teóricos, enfim, em todo o
cabedal social ou que se diz social, no estratagema, no ardil que se
usa para afastar o povo dos bens comuns, que se tornam incomunicáveis
no processo.
A hegemonia do sistema financeiro modificou todas as relações,
consoante previu e analisou Marx. Nos tempos de antanho, os reis eram
anunciados com trombetas e vinha acompanho de uma comitiva, ou séqüito
real, numa carruagem especial, luxuosa, ou carregado por escravos ou
servos numa espécie de palanquim ou literia, enfim, algo desse jaez.
Outrossim, os espetáculos animavam as festas dos reis na coorte com
dançarinos hábeis, cantores, contorcionistas, enfim, todo um aparato
que hoje está no circo e mais recentemente na televisão, pois o circo
também perdeu espaço mercadológico para a televisão, que,literalmente
“roubou a cena”.
Na atualidade, com a ascensão do mercado em lugar, que passou a ser um
peão representando o dinheiro e a nova deusa “Economia”, para quem
deve-se fazer encômios graciosos e gratificantes,o trono e o cetro
real foram ocupados pela nossa diva e rainha dos pobres e dependentes
viciados em mídias, que podem ver e ouvir qualquer espetáculo pela
televisão como se fossem novos reis, embora sem poder algum, porém com
postura real, comprando geléia real , sendo reis escravos ou
escravizados no divã, ouvindo a mídia que vende os produtos das
indústrias e do comércio, na nova corrida do ouro : a corrida
tecnológica, que emprega a ciência, que são os cientistas, um novo
batalhões de frades ou soldados disciplinados e sob ordens severas,
ordens militares dos senhores que comandam as grandes “guildas” atuais
( empresas e outras instituições afins ou tais e quais ) ou grandes
corporações, com seus monopólios, cartéis, trustes, franquias, etc.,
para atender o apetite voraz dos novos imaginários reis e sua
dinastia, todos devidamente sentados, esses novos-reis ou novos ricos
ou a classe média no divã, regentes imaginários de um reino do
consumo, a ouvir com êxtase as trombetas a tocar nos filmes ( não em
Jericó, com Josué) , porém no antigo cinema e hoje na confortável sala
de estar : poltrões derreados na poltrona.
Eis uma fórmula que a maniquéia usa para polarizar exageradamente uma
mania de época, que apaixona as pessoas escritas para este drama
cômico, canhestro, que ficam desamparadas de maniqueísmo, uma vez que
o maniqueísmo que parece ter uma função clara na natureza, na
inteligência animal focada no saber, mas que o homem, ao construir o
tempo, com sua maniquéia , opera um obscurecimento no saber através da
operação do conhecimento, que vem por palavras, sempre passíveis de
servirem como artefatos de engodo, escravizando o pensamento através
de sofismas requintados e falsa erudição, o que não é novidade, e sim
palavra vetusta na Grécia antiga, já na boca do Sócrates platônico.
O tempo do homem também e, principalmente, é construído com fulcro num
ajuste da maniquéia para servir os fins dos que comandam e mandam
construir a casa do tempo ou história, que está escrita em todos os
seus artefatos, em toda manifestação cultural e na alocação da
maniquéia para a época. Esse “locus” em transliteração repudia e
tripudia da maniquéia antiga e desenha um novo objeto de estudo.
O estudo do tempo é o tempo, enquanto idéia do homem em sua relação
cósmica, cosmológica e social.
O ser do conhecimento, que, socialmente, para o senso comum, escapa ao
crivo da sabedoria vulgar, provado que é por entes não probos, mas
réprobos interesseiros, interessados no processo e na urgência de
provar, mesmo através de fraudes, o que se quer impor ao grande
público passivo e omisso, é posto então neste “locus” enquanto objeto
moldado por uma ciência do que se quer, o que se anela, aquilo que se
deseja com ardor, enfim, uma ciência ou sub-ciência a serviço da
política, ou do poder, indiferente a qualquer suposta verdade oficiosa
que não pode provar nem reprovar nada, porquanto não tem autoridade
nem poder sem nenhum para fazê-lo ; são réprobos antes mesmo de
qualquer gesto de defesa num processo cognitivo no qual a capacidade e
a autoridade para produzir provas já está determinado de forma
imutável em lei que, outrossim, nomeia ou encarrega as pessoas ou
peritos que podem provar ou ter acesso às provas.
Ninguém, enquanto indivíduo, pode provar nada, nem sequer ter acesso
aos métodos e conhecimentos proibitivos que conduzem à prova. Todo
poder, em sociedade totalitária, de leis sobre a cabeça do homem, é
usurpado do indivíduo, exceção feita aos indivíduos no poder.
A ciência não é senão uma técnica para pensar como fazer sobre objetos
e com objetos, a fim de defender o homem das intempéries naturais,
dentre as quais estão as doenças. É uma técnica embasada nas normas
coercitivas da gramática ( a gramática exerce uma coerção severa )
cujo escopo é comunicar o pensamento técnico ou o fazer e como fazer :
este o âmbito de toda sua literatura.
Vasculhar o pensamento, os objetos do pensamento e da ciência, ter ou
por o pensamento por objeto, no “locus”, enfim, por o ser, a tese,
posicioná-lo no “locus” é função da epistemologia, cujo escopo é o
estudo da fenomenologia do espírito humano, ou seja, tem como objetivo
estudar ou tratar o pensamento e a sensibilidade, os sentidos
externos ; dos fenômenos captados e da transmutação desses fenômenos
por meio de conceitos.
Quem investida o universo é a filosofia ( quem se fia na filosofia! ),
não enquanto “amor” ou “paixão” apenas, mas como razão, juízos,
postulados, através da ontologia, espistemológica, noética, etc.,
partindo sempre de uma gnoseologia, que a ciência não postula, nem tem
liberdade, independência, emancipação para postular.
A ciência é a filosofia menor de hoje e de ontem, quando era
epicurismo e depois ao se rebaixar à uma menoridade de retardado
mental na doutrina tresloucada do cristianismo que, não obstante, é
boa política para o povo simplório,boçal, incapaz de entender poesia
ou filosofia e mesmo, muitas vezes, até a ciência com a qual convivem
enquanto profissionais da área.
Ciências são filosofias restritivas, obedientes aos métodos ou
metodologias para condenados ou prisioneiros em novas galés, gente não
livre, nem livre-pensador, nem tampouco livres e emancipados enquanto
ser humano autocrático, mas “criaturas” presas às regras e princípios
da filosofia que as norteiam, bússolas úteis apenas para atender
certas áreas do conhecimento e limitadas ao trabalho sobre objetos
determinados e delimitados filosoficamente, mas não para o
conhecimento livre, sem peias, que é o objeto ou “locus” de estudo da
filosofia, que representa e é o pensamento na maioridade, na plenitude
do tempo, capaz, inclusive de dialogar com filósofos de todos os
tempos. Os cientistas, homens sofríveis, alienados nas pessoas
patéticas do discurso, ou nas personagens a representar no teatro
social, meras bússolas a apontar maquinalmente o norte magnético,
tornam-se, elas mesmas, objetos de maquinações alheias, que as colocam
abaixo das estruturas gramaticais ou jurídicas, das doutrinas
revestidas de sua maniquéia em voga, na moda.
Aristóteles até hoje mantém um diálogo profícuo com os filósofos de
todos os tempo e e cada vez mais, mormente,com os atuais.
A ciência, que não possui consciência do conhecimento, nem tampouco e
muito menos auto-consciencia ( cientistas não desenvolvem a
auto-consciência ou auto-leitura, se tais há, ou epistmologia própria
e alienígena do filósofo ( ou filostrato ), são homens mais limitados,
prisioneiros entre as grades e a máscara de ferro de seu tempo,
restritos a este tempo que imaginam ser o único e último ou até o
eterno ( e não o tempo, mormente depois da operação-ressurreição do
cristianismo ) , encarnados e vestidos, marcados a ferrete e fogo pelo
logotipo e logomaquias temporais, os diatribes versus a dogmática,
tudo no bojo do maniqueísmo clássico ou revestido de modernidade,
“tempos modernos” com Chaplin no cinema mudo, tartamudo ).
A ciência, que é o homem em sua alienação encarnada ou representada na
pipeta do químico , não apresenta evolução consciente, por isso morre
com a idade do homem que a criou : é um produto do tempo. Vide a
psicanálise e Freud ou a filosofia natural de Isacc Newton. que,
aliás, por ter uma certa perspectiva com nuance filosofante , durou
mais e ainda é útil à engenharia, orienta a engenharia, ou seja,
cumpre o papel da ciência, que é dar voz aos artefatos tecnológicos
com a língua e as linguagens ou idiomas matemáticos, que não falam,
mas escrevem em signos próprios e símbolos. Vide quão vivo continua o
pensamento de Marx ( "O Capital" ), na sociologia e na economia, que
com ele ganharam
um estudo humano ou humanista, se querem assim assinar o ato humano
que a filosofia proporciona e a ciência denega, pois só serve ao
trabalho e, evidentemente, ao capital, à indústria, comércio...
Essas proposições heréticas que não vão agradar a ninguém evoca a
função dos paradoxos no conhecimento, cujo fito é relativizar o
conhecimento, num relativismo essencial, pois o conhecimento jamais é
absoluto e sobrevive no ser humano, sujeito de relações múltiplas,
multifacetadas ; este paradoxo da análise abordaria ou faria um
levantamento ou inventário da doseometria para o verdade ou realidade
ou para o conhecimento, que está entre eles, mas não é nenhuma delas :
é apenas um esforço contínuo.
Tal paradoxo poderia ser proposto assim : poderia o cientista , pago e
na universidade investido das honrarias e insígnias ter a liberdade,
carente de as remuneração, dentro de si ao menos, ter capacidade
“livre” e poder para conhecer ou ousar conhecer algo da verdade que
fira os interesses de seus patrões? Mais: poderia alguém livre dessas
peias sociais, não envolvido profissionalmente ter alguma
possibilidade de conhecer algo da verdade ? Quais os impedimentos
capazes de estorvar a liberdade ou influir de forma sutil e
imperceptível em cada um dos seres postados e envolvidos ou
encapsulados socialmente e ainda na sua eqüidistância enquanto um ser
humano como referencial? Isso levaria ao “princípio da incerteza
somente na física quântica ou seria um princípio epidêmico? – endêmico
no homem.
Tanto é técnica a ciência, técnica expressa no léxico, com verbetes,
glossário, assim como o é a matemática que exprime esta mesma técnica
com outro jargão e signos e símbolos com maior grau de economia e
efetividade, ou servir à técnica é o objetivo prioritário da
“ciência” divorciada da filosofia, a o menos no que planta o anelo dos
cientistas inflados por uma vaidade monstruosa, que a adição da
palavra “logia”, cujo escopo é dizer, exprimir, em “logos”, palavra
cuja etimologia vem do grego “filosófico” e poético em Homero, que
está em raiz do “chão” na formação do vocábulo“tecnologia”, pois o
termo denuncia a função da ciência em seu destino ou em seu rumo
escatológico”, que a ciência não objetiva senão dar expressão, assim
como as linguagens matemáticas e algébricas, à técnica, falar da
técnica ou seja : dizer, estudar, ser ciência em função da técnica e,
tudo o que tem e pode dizer é tecnologia, exprimir o discurso para o
fazer embasado em conceitos lexicais e matemáticos, palavra ou
concepção e desenhos que ajustam essa a concepção aos postulados e
teoremas da geometria, que é o ramo conceitual da matemática. As
matemáticas são ciências numenais ou noumenais, vinculadas
indissoluvelmente à prática ou à indústria e mercancia. Vide o numenal
e o noumenal.
A filosofia, por seu turno, é a inutilidade dos gênios sábios, dos
eruditos que atingiram o cume da maturidade intelectual e de vivência,
experiência. Originária da poética, que funda a religião e a ciências
( outro artigo ou profissão de fé cega, ingênua ), a filosofia é o
cume da sabedoria e do conhecimento, em oposição à ciência ( o
cientista é a ciência! E o filósofo a filosofia! : o resto é erro
formal e plural, pluralidade de equívocos).
Na realidade, a ciência, cuja alma que vivifica o espírito do homem
está em ato no homem que se aliena para fazer ciência ou pensar
insulado do mundo por uma mar de abstração ( um oceano Atlântico ou
pacífico ou indico abstrato! deixando o náufrago em solitude no areal
da ilha de Robinson Crusoé), não enfrenta a prova do saber ou a
sabedoria, que só pode ser provada individualmente, para ser
fidedigna, e pelo homem probo, cuja probidade é indubitável, o que é
quase impossível se não for realizada pelo próprio indivíduo,
porquanto a credibilidade de outrem é credulidade fundada em vanidade,
pois o ser humano, em geral, é mendaz e susceptível de erros crassos,
bem como movido por interesses escusos, quase sempre.
Pessoas crédulas são aquelas que em menoridade mental, moral que não
provaram o mundo por si, mas aleatoriamente, pelas provas das línguas
com enzimas ou sem enzimas de outros seres humanos, em geral
interessados numa verdade românica, imperial ou romântica,quando não
louvadas em motivo torpe, que é o mais comum, corriqueiro na pocilga
social, onde os políticos, seres reles, promíscuos, despóticos,
pérfidos, estão a coibir a maioria dos animais domesticados nas
escolas com a vara da lei ou da justiça, ou o paradoxo que tem a
alcunha de justiça. Uma cega mendiga esculpida por um Rodin venal.
A ciência não almeja a verdade, mas com a política ; o cientista
sequer fareja o saber, é cega para a sabedoria, indiferente; o que
importa nesse “locus” é o resultado econômico, financeiro, ou pessoa
ficta, que comanda o mundo enquanto escudo dos poderosos, que se
escondem sob a instituição e sob as picuinhas casuísticas da lei ; os
casuísmos...; enfim, a ciência está restrita a um conhecimento
limitado, ao que é plosivo ou oclusivo na consoante. Pouco além disso
vai seu vocabulário ou dicionário no vernáculo. Sobrevive de um jargão
mal definido ou cujos conceitos jamais podem ler as concepções
espaciais e temporais exprimidas pelas artes plástica ou pela
literatura, quando surge um Dostoievski ou um Kafka a ver toda a
sociologia invisível ao sociólogo comuníssimo, agrilhoado e fustigado
pelo aguilhão escolar, o cilício da educação, universitário ou outros
nomes assim pomposos que atestam o testemunho de Erasmo de Roterdan ,
o qual prova de cabalmente, de forma cabal e fática, todos os
movimentos da política em sociologia, apenas se utilizando do fato
notório presente ou onipresente em cada dia e pelos séculos e séculos,
amém e amem, se quiserem ou puderem amar a loucura, a folia descrita
em Michel Foulcaud, na mesma linha do humanista holandês, a espoliar
Luciano, na Menipéia, Apuleio e outros sábios eruditos que descrevem o
homem comum enquanto investidos do poder e das insígnias do asno
dourado, o asno de ouro, que pode ser um imperador, um papa ,bispo,
rei ou presidente ou um acadêmico bufão a palestrar, ou melhor, a
palrar na esteira do truão tolerado pelo monarca, seja quem quer que
seja o monarca ou que referencial se tomou para a monarquia, que tem
seu “eterno retorno” social .
Hoje o monarca tem seu trono no divã da sala de estar do pequeno
burguês pós-marxismo, outra utopia que, não obstante, como
conhecimento é fundamenta na sua maniquéia poética-religiosa-atéia, o
que é um paradoxo inovado. Outro asno de Buridan, caro Erasmo.
terça-feira, 14 de junho de 2011
EDULCORANTE ( wikcionario wik dicionario wiki etimologia otto )
O tempo do homem
não é tempo natural
motor de mutação em natureza sempre-viva
em flora e abelha
no arroio de mel
depositados nas colméias
quando o sol embarca nas águas da ribeira
um brigue de mel
suscitado do embate da luz
com a água na corredeira
levando a canoa junto ao levante
ou à tarde tardia
ao olvido do lusco-fusco
que vinca a lâmina d'água
com as mãos de aragem sutil
a esculpir um Narciso em decrepitude
infenso ao suicídio passional
O tempo do homem
é algo que está enredado no retrato
nas redes que o retrato capta
num instante de luz e trevas
- luz vincando trevas
por todos os lados
pois tudo é quase treva
negro cavaleiro e penas de anum
madrugada fora
- calada madrugada!
onde não se escuta um filete de voz de galo...
nem o ruído do lápis a riscar o orvalho
( "Risque-risque" é a onomatopéia
na ponta do grafite do lápis riscando
no empuxo da mão imprimindo os contornos
também para nanquim
da China do mandarim )
O tempo do homem é algo que não está no tempo!
mas em algumas invenções do homem
as quais retratam a época
arquitecta uma era na catedral medieval
ou na teologia medieval
tão abstrusa e refinada
eivada de anfibologias
batendo o martelo para as bruxas
a se imiscuir com Íncubos e Súcubos
a fim de dar uma razão plausível
aos processos da inquisição espanhola
a inventar hereges
e perpetrar torturas heréticas e abomináveis...
- e toda a adjetivação para o anelo do homem
de destruir outros seres humanos
e aplacar sua demência atávica
sua megalomania renitente
que a cada tempo assoma
com uma renovada face maquiavélica
( Esse o único diabo de fato
que se imiscui nas leis
depois de engendrar no homem e na mulher
um descendente Íncubo e outro Súcubo
com o desiderato de procriar uma dinastia
longânime no tempo fotografado
onde a fotografia afia o olho do demônio zombeteiro
a olhar do fundo do sarcasmo
para o legado da miséria
que é o ser humano
enredada na luz para fenecer
drasticamente enfronhar-se na trama social-cultural
deixar-se levar pela ilusão edulcorante
que essa comédia põe em afresco de Giotto, Fra Angelico...
e por fim ser objecto de tragédia grega
com a morte o fantasma e a caveira em Hamlet
obra da esquizofrenia funda de Shakespeare
bardo de triste sina
como todos nós nos responsos do sino
a repicar para anunciar a presença do anjo da morte
- cuja presença é incontinenti
porquanto está no substrato da matéria e da energia
no corpo em mutação
e na alma sem salvação escatológica
Não há salvação na escatologia )
O homem é de um tempo....
que extrapola o tempo
em todas as Eras geológicas
Vive revestido pela túnica de um tempo
em que o retrato desenhou a luz
sobre as trevas com fuzis "incoerentes"
na grande noite no espaço sem luz
ou sem luciferação de pirilampo
de vagalume errabundo
em noite de trevas para lobos e gotas de chuva
a dedilhar o piano do rocio
que cai madrugada a fio
alimentada no pavio
da vela que molha o quarto de luz
aonde vão as mariposas
depois do vôo de piloto
sobre o deserto noturno
com dunas em azeviche pintadas
ou no piche da madrugada
que sobeja na voz do galo
cândido cantor de Voltaire
O tempo do homem está no retrato
que mostra as teias do tempo
nas invenções de época
na mobília ou no vestuário
no pensamento ou no modo de agir e amar
nos filmes e nos cantos...
nos amores que erraram
por vinhedos a vagar no lagar
O tempo do ser humano
prescreve todos os retratos
que estão dentro do retrato
e contam com luz e trevas
a história do homem
sob o mastro e a mesena
nas caravelas e no dilúvio
na catedral gótica
na fotografia do automóvel antigo
envolto no amplexo de enamorados
de outras décadas
escritas pela cor no retrato
e no papel que captou o instantâneo do amor
incomensurável nas vestes de época
no penteado dela
nos brincos e outras jóias
na pose da enamorada da vida
e no sorriso de então
que era outro sorriso
a fundar outro tempo
e outra paixão no tempo
que nunca se esvai ou exaure
nos adereços da mulher
ou da criança que veio ao lume
e tomou todo o espaço temporal
ajuntando o pó do tempo
na teia de aranha do seu corpo franzino
perenemente amado
mesmo quando os olhos
mexem a miscelânea de outro tempo
no aglomerado estelar das Plêiades
- As Plêiades : Objeto Messier 45
O retrato pálido, lívido, "levedado"
mascarado de tempo
estagnado na poça de luz e da matéria escura que o segura
baila no "carnaval do arlequim" de priscas eras
moldando no pó de suas histórias submersas sob camadas de várias histórias
verdadeiras arqueologias do conhecimento e do saber
que Michel Foucault tanto queria desvelar...
mas enlouqueceu antes do dilúculo!...
e ficou no retrato do homem
na imobilidade pétrea
do último tempo à luz
- no derradeiro debuxo de luz
torrente de mel para geometria de alma
sempre penada em noite de anum
com suas penas pesadas de trevas
segundo o Livro dos Mortos egípcios
de onde nos olha uma felicidade lúdica
no olho da criança querida
e nos envolvem o cálido amplexo da mulher amada
no tempo do amor
que a fotografia registrou
e jamais pode olvidar
à luz solar
num solar com solo para andorinhas pardas
caindo na tarde
com abóbada escarlate a refulgir gloriosa
demonstrando que a vida fica
ainda que seja num retrato
encalhado nas águas correntes ou lacustres do tempo
- do tempo no retrato!
que é toda a eternidade dada ao homem
ainda que em tatibitate...
não é tempo natural
motor de mutação em natureza sempre-viva
em flora e abelha
no arroio de mel
depositados nas colméias
quando o sol embarca nas águas da ribeira
um brigue de mel
suscitado do embate da luz
com a água na corredeira
levando a canoa junto ao levante
ou à tarde tardia
ao olvido do lusco-fusco
que vinca a lâmina d'água
com as mãos de aragem sutil
a esculpir um Narciso em decrepitude
infenso ao suicídio passional
O tempo do homem
é algo que está enredado no retrato
nas redes que o retrato capta
num instante de luz e trevas
- luz vincando trevas
por todos os lados
pois tudo é quase treva
negro cavaleiro e penas de anum
madrugada fora
- calada madrugada!
onde não se escuta um filete de voz de galo...
nem o ruído do lápis a riscar o orvalho
( "Risque-risque" é a onomatopéia
na ponta do grafite do lápis riscando
no empuxo da mão imprimindo os contornos
também para nanquim
da China do mandarim )
O tempo do homem é algo que não está no tempo!
mas em algumas invenções do homem
as quais retratam a época
arquitecta uma era na catedral medieval
ou na teologia medieval
tão abstrusa e refinada
eivada de anfibologias
batendo o martelo para as bruxas
a se imiscuir com Íncubos e Súcubos
a fim de dar uma razão plausível
aos processos da inquisição espanhola
a inventar hereges
e perpetrar torturas heréticas e abomináveis...
- e toda a adjetivação para o anelo do homem
de destruir outros seres humanos
e aplacar sua demência atávica
sua megalomania renitente
que a cada tempo assoma
com uma renovada face maquiavélica
( Esse o único diabo de fato
que se imiscui nas leis
depois de engendrar no homem e na mulher
um descendente Íncubo e outro Súcubo
com o desiderato de procriar uma dinastia
longânime no tempo fotografado
onde a fotografia afia o olho do demônio zombeteiro
a olhar do fundo do sarcasmo
para o legado da miséria
que é o ser humano
enredada na luz para fenecer
drasticamente enfronhar-se na trama social-cultural
deixar-se levar pela ilusão edulcorante
que essa comédia põe em afresco de Giotto, Fra Angelico...
e por fim ser objecto de tragédia grega
com a morte o fantasma e a caveira em Hamlet
obra da esquizofrenia funda de Shakespeare
bardo de triste sina
como todos nós nos responsos do sino
a repicar para anunciar a presença do anjo da morte
- cuja presença é incontinenti
porquanto está no substrato da matéria e da energia
no corpo em mutação
e na alma sem salvação escatológica
Não há salvação na escatologia )
O homem é de um tempo....
que extrapola o tempo
em todas as Eras geológicas
Vive revestido pela túnica de um tempo
em que o retrato desenhou a luz
sobre as trevas com fuzis "incoerentes"
na grande noite no espaço sem luz
ou sem luciferação de pirilampo
de vagalume errabundo
em noite de trevas para lobos e gotas de chuva
a dedilhar o piano do rocio
que cai madrugada a fio
alimentada no pavio
da vela que molha o quarto de luz
aonde vão as mariposas
depois do vôo de piloto
sobre o deserto noturno
com dunas em azeviche pintadas
ou no piche da madrugada
que sobeja na voz do galo
cândido cantor de Voltaire
O tempo do homem está no retrato
que mostra as teias do tempo
nas invenções de época
na mobília ou no vestuário
no pensamento ou no modo de agir e amar
nos filmes e nos cantos...
nos amores que erraram
por vinhedos a vagar no lagar
O tempo do ser humano
prescreve todos os retratos
que estão dentro do retrato
e contam com luz e trevas
a história do homem
sob o mastro e a mesena
nas caravelas e no dilúvio
na catedral gótica
na fotografia do automóvel antigo
envolto no amplexo de enamorados
de outras décadas
escritas pela cor no retrato
e no papel que captou o instantâneo do amor
incomensurável nas vestes de época
no penteado dela
nos brincos e outras jóias
na pose da enamorada da vida
e no sorriso de então
que era outro sorriso
a fundar outro tempo
e outra paixão no tempo
que nunca se esvai ou exaure
nos adereços da mulher
ou da criança que veio ao lume
e tomou todo o espaço temporal
ajuntando o pó do tempo
na teia de aranha do seu corpo franzino
perenemente amado
mesmo quando os olhos
mexem a miscelânea de outro tempo
no aglomerado estelar das Plêiades
- As Plêiades : Objeto Messier 45
O retrato pálido, lívido, "levedado"
mascarado de tempo
estagnado na poça de luz e da matéria escura que o segura
baila no "carnaval do arlequim" de priscas eras
moldando no pó de suas histórias submersas sob camadas de várias histórias
verdadeiras arqueologias do conhecimento e do saber
que Michel Foucault tanto queria desvelar...
mas enlouqueceu antes do dilúculo!...
e ficou no retrato do homem
na imobilidade pétrea
do último tempo à luz
- no derradeiro debuxo de luz
torrente de mel para geometria de alma
sempre penada em noite de anum
com suas penas pesadas de trevas
segundo o Livro dos Mortos egípcios
de onde nos olha uma felicidade lúdica
no olho da criança querida
e nos envolvem o cálido amplexo da mulher amada
no tempo do amor
que a fotografia registrou
e jamais pode olvidar
à luz solar
num solar com solo para andorinhas pardas
caindo na tarde
com abóbada escarlate a refulgir gloriosa
demonstrando que a vida fica
ainda que seja num retrato
encalhado nas águas correntes ou lacustres do tempo
- do tempo no retrato!
que é toda a eternidade dada ao homem
ainda que em tatibitate...
segunda-feira, 13 de junho de 2011
ADÉLIA PRADO ( wikcionario wik dicionario wiki etimologia otto )
Agua entra por um paul /
e sai por outro paul /
- água em paul /
é saracura ou jacaré /
( jacaré é água /
saracura é menos água /
mas aquática é ) /
ou ave do pantanal mato grossense /
- imenso e esparramado tuiuiui /
voando pelos céus esgarçados /
ou deitado no ato de serpentear /
por entre terras de todo modo /
- modo de rocha ou barranco /
ou ervas no caminho /
a caminho do tronco do ipê roxo /
ou das lianas que trepam feito serpentes /
nas muralhas extensas /
Água ronda e rói moinho /
rui moenda /
move moinho /
motiva moleiros /
movimenta-se e se arrasta no cipó e no vento /
- no vento do moinho /
no vento em popa /
a bombordo ou estibordo /
barlavento ou sotavento /
na palmeira que balança o vento /
em suas palmas verdejantes /
de brilho verde de sol /
e não verde de buritis /
Água sopra moinhos /
- moinhos de vento /
de vento em popa /
ou aproando para a tamareira /
o coqueiro dançante /
- louco dançarino em frenesi /
enlouquecido pelo vento ensandecido! /
( Água é um paul em inércia /
até a primeira força centrípeta /
ronronar no motor de popa /
motor de proa /
a aproar para a ilha /
insulada no arquipélago de Galápagos ) /
O sol puxa a água para cima /
leva-a ao cimo /
até a nuvem /
Oh! nefelibata! /
Nefelibata água /
que pisa nas nuvens /
anda e desanda nas nuvens /
"vive" nas nuvens /
com pés descalços /
da carmelita descalça /
Santa Terezinha do Menino Jesus /
com pés enxutos! /
e desce num aguaceiro /
pela perna da água pernalta /
da ave pernalta que levanta vôo /
- a pernalta ave /
denominada saracura /
a saracura do brejo /
amante da lagoa /
em perene solitude no paul /
deusa do paul /
eremita de paul /
descalça no paul /
não carmelita /
mas ser mais livre /
que o vento quanto bate na palma da palmeira /
ou no moinho de vento /
que sabe a Van Gogh /
e sabe a Monet ) /
A água sai por baixo /
escapa da mão /
entra na erva /
- erva adentro vai /
é seu destino /
dentre outros destinos /
a caminhar no mel /
no anel do mel /
em gotas milimétricas /
escorrendo pelo abdômen da abelha /
( Arrostando o destino das águas /
a me mover por dentro e por fora /
vou sabedor de que talvez ninguém me espere /
no marco zero em que a lua deixou o palor /
do luar em noite de dama-da-noite /
espargindo fragrância /
junto aos jasmins ou bogaris ... /
no candor do alvor /
de barra da alva /
flor de laranjeira em aleia /
alameda leda /
e estrela da manhã inteira /
- estrela do orvalho /
sentenciado madrugada fora /
até galo na aurora ) /
Água que entra pelo pé da erva /
ou voa no ar /
flutua /
flui /
fluente no afluente /
no riacho que acho ancho /
na uva que dá em cacho /
na umidade do cacho /
e nos cachos encaracolados da cachoeira /
- nos cachos espumantes da cachoeira /
rolante cachoeira na torrente /
tonante tonitruante e sempre avante! /
a se esgueirar entre pedras /
- entre as pedras cinzas /
ou acinzentadas pelo lamber da tinta das águas passadas /
nas línguas das águas pretéritas /
- águas que movem moinhos /
na água e no vento /
moinhos de água e vento /
e seus pássaros moleiros /
mandriões impávidos na procela /
que arranca o mar do fundamento /
e despedaça o brigue à deriva /
na vela branca pintalgando a paz /
- a paz branca de medo /
indo para o fundo do mar /
soçobrado o brigue /
em "Pax romana" /
a pior paz /
- paz com pá de cal na cova rasa /
do soldado vivo!!! /
Água entra no líquido /
invade o espaço gasoso /
evola no ar /
navega no mar /
se fecha no gelo hermético /
na mais sólida geleira /
desce na escada branca da geada /
a passo branco e brando de neve /
e gira em ciclo /
- o completo ciclo da água /
que toma todos os estados /
como se fosse um general do Império Romano em campanha /
a conquistar a Terra /
e com a águia tomar o céu /
que água corre em corpo de águia /
e da harpia que pia pequenina /
com o bico aberto no ninho /
Água tem estado por aí e aqui /
no estado do czar /
santa Rússia de estepes e tundras /
mujiques e cossacos /
Outrossim no estado sólido do "iceberg" /
entre o calor que a derrete /
ou ferve-a até que evole pelos caminhos espiralados no ar /
e o frio que torna sólido o seu estado /
dos gases que sopram o espírito na letra do homem /
quais anjos nobres a soprar trombetas /
anunciando o rei e a parusia /
Água a rumorejar na fonte rumorejante /
que rumoreja morro abaixo /
descendo o monte em cascatas saltitantes /
à moda das cabras montesas /
a nadar no peixe... /
a envolver o peixe /
por dentro e por fora /
nos dois mundos do peixe : /
o mundo de água por fora /
e o mundo de água por dentro /
pois o peixe nada dentro da água /
mas a água nada dentro do peixe /
e também salta o que salta o peixe /
salta junto ao peixe /
dourado ao sol no anzol /
- do peixe que nada é /
e não nada mais na piscina /
se não tem a água /
que lhe nada por dentro /
e a água em que ele nada fora /
água tônica /
( água-túnica! para deleite d'alma /
refrigério e regozijo do espírito do vinho) /
água da vida em abundância /
porquanto sem água /
o peixe volta ao nada /
nada para o nada célere /
pois a água o conserva em vida /
destila a alma do arroio ao rocio /
é fonte de toda vida /
vida abundante /
em abundância pedra afora /
- fluir de que fala Jesus Cristo /
e com que batiza João, o Batista /
profeta de alto coturno /
Outrossim a água é "insetivante" para insetos avante na chuva /
a qual enceta o espetáculo do saltimbanco Moisés bíblico /
o prestidigitador Moisés /
ser anfíbio nos girinos e demais anuros /
porquanto sem água girando no girino adentro o corpo pára /
fora e dentro /
- pára e queda!!! /
sem pára-queda /
no serafim que se apaga /
não mais lucifera nos pirilampos noctívagos /
e cai em queda de anjo e arcanjo retinto /
para o qual arranjo é banjo /
ou banho com imersão na torrente batismal do Jordão de João /
( a água só é pára-queda na chuva ) /
mesmo porque a água que resta /
em corpo de cadáver /
está quase seca e estagnada /
apenas cumprindo a função de chamar a vida /
que então atende com batalhões /
de vermes, fungos e bactérias devoradoras de tecidos mortos /
na invasão das legiões romanas naturais /
a atacar corpos mortos /
e o peixe sem água é peixe sem vida /
ou peixe sem alma /
se fosse cristão /
como o símbolo /
mas e pagão como o latim do romano /
no tempo em que o império era romano /
e Roma o mundo em latim e legião /
duas falanges hostis aos bárbaros /
( Sem água o peixe pagão volta ao nada /
- nada no nada /
retorna ao símbolo cristão do peixe /
na parábola do milagre dos peixes /
porque sem água o corpo perece /
falece, ocorre a falência dos órgãos /
uma vez que a água restante /
vai para a secante /
da vida tangente /
nos senos e co-senos da desidratação /
em trigonometria sem oração /
que matéria viva /
é torrente de água viva /
corrente na cachoeira /
e dentro das guelras do peixe em nado /
que vivo está em pleno exercício do nado /
e morto do nada/
sem alma para animar /
- o animal da água /
Todavia todos somos peixes : /
peixes de barro /
do barro de Manoel de Barros /
Manuel Bandeira /
do João-de-Barro /
ave passariforme /
( a água vive no "peixe" do João-de-barro /
no ser písceo que nada dentro do João-de-barro /
pássaro com água /
- que pássaro com água é ave viva /
e ave viva é água viva! ) /
outrossim Adélia Prado /
( sonho de prado seria flor?! /
sob luar no orvalho a cantar /
o gotejar da noite escura /
no escuro impuro ) /
e também Ledo Ivo /
ledo na madrugada de rocio cantante e silente /
antípoda de antípoda /
antífona de antífona /
assim como sou e o foi minha avó /
enquanto em natação por dentro e por fora /
- nadadora ou peixe dentro de si /
e fora de si! /
ó bem-ti-vi-do-brejo /
inexistente na ornitologia! /
dos ornitilologistas sem pássaros /
empós o dilúculo /
em réstia de luz /
- pano ou tecido amarelo de luz /
que aponta antes da manhã tecelã /
tecer toda a túnica inconsútil do dia ) /
Água é matéria plástica /
quase imaterial ou anti-matéria /
Artista plástica /
- mais plástica que Joan Miró ou Paul Klee /
Michelângelo Buonarotti ou Rodin /
Rainer Maria Rilke ou Kafka /
- mais plástica que o plástico /
o plástico sintetizado pelo humano inumano /
produzido pela indústria do homem /
industrioso ser /
cuja indústria produz um silêncio de pedra /
originário de um reino geológico /
que era em Eras /
de um passado enorme /
quase enterrado no eterno /
ou nas geleiras das Eras Glaciais /
Água é inteligente /
inteligência nata inata /
ou inteligência em ato /
nata da inteligência /
nata da inteligência /
inteligência da vida /
viva inteligência /
( ou seria fato /
agora que escrevo /
e quando a água escreve na areia /
e na rocha e nos corpos por dentro /
abrindo o livros dos genes /
o livro do Gênesis de dentro?!/
Ou seria fato /
algo posterior ao ato /
ato passado /
que não é mais ato /
mas sim fato /
pois ato é presente /
presença no ato /
do teatro da vida /
quando a escrevo /
ponha-a em história /
ponho água na história /
nesta versificada história da água?!) /
Água que é água /
sabe tudo de geometrias /
álgebras e matemáticas /
aritméticas e algoritmos /
arabescos e motivos florais /
axiomas e escólios /
corolários e razão suficiente /
ser e tempo e espaço /
e ritmos mosaicos em Mozart /
- Mozarts e mosaicos ritmos /
logaritmos costurando leis mosaicas /
Água mensura terra /
denuncia ondulações na terra e na água /
anuncia ou enuncia vento /
sopro de vento angélico /
( antes gélido que angélico!/
para ser bem cínico filósofo /
apos o cinismo virar cristianismo /
e depois Direito romano /
que é todo o Direito /
que sobrou para os povos /
- míseros povos! ) /
´´agua demonstra a gravidade /
e a escrita do relógio do sol em raios /
a mão do sol com calor /
tecendo a história da vida /
e da arte que o sol fez passar por cada reentrância do solo /
nos desvãos que ficam em ângulos /
cavados no chão /
em senos e co-senos /
nos buracos que desnivelam o chão /
que esteja calçado por cerâmica /
ou por cimento grosso /
a grosso modo posto /
Água, agua, água...: /
- água de dar sede ao pote! /
ao pote de barro de minha avó "mariinha'"/
de um minúsculo "m" no apelido /
mas um "m" que ponho no lugar do "n" de álgebra /
- de hábito de álgebra e arabesco de pura beleza /
no coração árabe que estava escrito no Corão /
- no coração da minha avó /
mulher da mais doce safra /
outrossim escrita estava ela /
na sura ' As Mulheres" /
do magnífico Alcorão /
livro santo do profeta /
escrito de oitiva /
- ouvindo a voz do anjo de Alá! /
e sai por outro paul /
- água em paul /
é saracura ou jacaré /
( jacaré é água /
saracura é menos água /
mas aquática é ) /
ou ave do pantanal mato grossense /
- imenso e esparramado tuiuiui /
voando pelos céus esgarçados /
ou deitado no ato de serpentear /
por entre terras de todo modo /
- modo de rocha ou barranco /
ou ervas no caminho /
a caminho do tronco do ipê roxo /
ou das lianas que trepam feito serpentes /
nas muralhas extensas /
Água ronda e rói moinho /
rui moenda /
move moinho /
motiva moleiros /
movimenta-se e se arrasta no cipó e no vento /
- no vento do moinho /
no vento em popa /
a bombordo ou estibordo /
barlavento ou sotavento /
na palmeira que balança o vento /
em suas palmas verdejantes /
de brilho verde de sol /
e não verde de buritis /
Água sopra moinhos /
- moinhos de vento /
de vento em popa /
ou aproando para a tamareira /
o coqueiro dançante /
- louco dançarino em frenesi /
enlouquecido pelo vento ensandecido! /
( Água é um paul em inércia /
até a primeira força centrípeta /
ronronar no motor de popa /
motor de proa /
a aproar para a ilha /
insulada no arquipélago de Galápagos ) /
O sol puxa a água para cima /
leva-a ao cimo /
até a nuvem /
Oh! nefelibata! /
Nefelibata água /
que pisa nas nuvens /
anda e desanda nas nuvens /
"vive" nas nuvens /
com pés descalços /
da carmelita descalça /
Santa Terezinha do Menino Jesus /
com pés enxutos! /
e desce num aguaceiro /
pela perna da água pernalta /
da ave pernalta que levanta vôo /
- a pernalta ave /
denominada saracura /
a saracura do brejo /
amante da lagoa /
em perene solitude no paul /
deusa do paul /
eremita de paul /
descalça no paul /
não carmelita /
mas ser mais livre /
que o vento quanto bate na palma da palmeira /
ou no moinho de vento /
que sabe a Van Gogh /
e sabe a Monet ) /
A água sai por baixo /
escapa da mão /
entra na erva /
- erva adentro vai /
é seu destino /
dentre outros destinos /
a caminhar no mel /
no anel do mel /
em gotas milimétricas /
escorrendo pelo abdômen da abelha /
( Arrostando o destino das águas /
a me mover por dentro e por fora /
vou sabedor de que talvez ninguém me espere /
no marco zero em que a lua deixou o palor /
do luar em noite de dama-da-noite /
espargindo fragrância /
junto aos jasmins ou bogaris ... /
no candor do alvor /
de barra da alva /
flor de laranjeira em aleia /
alameda leda /
e estrela da manhã inteira /
- estrela do orvalho /
sentenciado madrugada fora /
até galo na aurora ) /
Água que entra pelo pé da erva /
ou voa no ar /
flutua /
flui /
fluente no afluente /
no riacho que acho ancho /
na uva que dá em cacho /
na umidade do cacho /
e nos cachos encaracolados da cachoeira /
- nos cachos espumantes da cachoeira /
rolante cachoeira na torrente /
tonante tonitruante e sempre avante! /
a se esgueirar entre pedras /
- entre as pedras cinzas /
ou acinzentadas pelo lamber da tinta das águas passadas /
nas línguas das águas pretéritas /
- águas que movem moinhos /
na água e no vento /
moinhos de água e vento /
e seus pássaros moleiros /
mandriões impávidos na procela /
que arranca o mar do fundamento /
e despedaça o brigue à deriva /
na vela branca pintalgando a paz /
- a paz branca de medo /
indo para o fundo do mar /
soçobrado o brigue /
em "Pax romana" /
a pior paz /
- paz com pá de cal na cova rasa /
do soldado vivo!!! /
Água entra no líquido /
invade o espaço gasoso /
evola no ar /
navega no mar /
se fecha no gelo hermético /
na mais sólida geleira /
desce na escada branca da geada /
a passo branco e brando de neve /
e gira em ciclo /
- o completo ciclo da água /
que toma todos os estados /
como se fosse um general do Império Romano em campanha /
a conquistar a Terra /
e com a águia tomar o céu /
que água corre em corpo de águia /
e da harpia que pia pequenina /
com o bico aberto no ninho /
Água tem estado por aí e aqui /
no estado do czar /
santa Rússia de estepes e tundras /
mujiques e cossacos /
Outrossim no estado sólido do "iceberg" /
entre o calor que a derrete /
ou ferve-a até que evole pelos caminhos espiralados no ar /
e o frio que torna sólido o seu estado /
dos gases que sopram o espírito na letra do homem /
quais anjos nobres a soprar trombetas /
anunciando o rei e a parusia /
Água a rumorejar na fonte rumorejante /
que rumoreja morro abaixo /
descendo o monte em cascatas saltitantes /
à moda das cabras montesas /
a nadar no peixe... /
a envolver o peixe /
por dentro e por fora /
nos dois mundos do peixe : /
o mundo de água por fora /
e o mundo de água por dentro /
pois o peixe nada dentro da água /
mas a água nada dentro do peixe /
e também salta o que salta o peixe /
salta junto ao peixe /
dourado ao sol no anzol /
- do peixe que nada é /
e não nada mais na piscina /
se não tem a água /
que lhe nada por dentro /
e a água em que ele nada fora /
água tônica /
( água-túnica! para deleite d'alma /
refrigério e regozijo do espírito do vinho) /
água da vida em abundância /
porquanto sem água /
o peixe volta ao nada /
nada para o nada célere /
pois a água o conserva em vida /
destila a alma do arroio ao rocio /
é fonte de toda vida /
vida abundante /
em abundância pedra afora /
- fluir de que fala Jesus Cristo /
e com que batiza João, o Batista /
profeta de alto coturno /
Outrossim a água é "insetivante" para insetos avante na chuva /
a qual enceta o espetáculo do saltimbanco Moisés bíblico /
o prestidigitador Moisés /
ser anfíbio nos girinos e demais anuros /
porquanto sem água girando no girino adentro o corpo pára /
fora e dentro /
- pára e queda!!! /
sem pára-queda /
no serafim que se apaga /
não mais lucifera nos pirilampos noctívagos /
e cai em queda de anjo e arcanjo retinto /
para o qual arranjo é banjo /
ou banho com imersão na torrente batismal do Jordão de João /
( a água só é pára-queda na chuva ) /
mesmo porque a água que resta /
em corpo de cadáver /
está quase seca e estagnada /
apenas cumprindo a função de chamar a vida /
que então atende com batalhões /
de vermes, fungos e bactérias devoradoras de tecidos mortos /
na invasão das legiões romanas naturais /
a atacar corpos mortos /
e o peixe sem água é peixe sem vida /
ou peixe sem alma /
se fosse cristão /
como o símbolo /
mas e pagão como o latim do romano /
no tempo em que o império era romano /
e Roma o mundo em latim e legião /
duas falanges hostis aos bárbaros /
( Sem água o peixe pagão volta ao nada /
- nada no nada /
retorna ao símbolo cristão do peixe /
na parábola do milagre dos peixes /
porque sem água o corpo perece /
falece, ocorre a falência dos órgãos /
uma vez que a água restante /
vai para a secante /
da vida tangente /
nos senos e co-senos da desidratação /
em trigonometria sem oração /
que matéria viva /
é torrente de água viva /
corrente na cachoeira /
e dentro das guelras do peixe em nado /
que vivo está em pleno exercício do nado /
e morto do nada/
sem alma para animar /
- o animal da água /
Todavia todos somos peixes : /
peixes de barro /
do barro de Manoel de Barros /
Manuel Bandeira /
do João-de-Barro /
ave passariforme /
( a água vive no "peixe" do João-de-barro /
no ser písceo que nada dentro do João-de-barro /
pássaro com água /
- que pássaro com água é ave viva /
e ave viva é água viva! ) /
outrossim Adélia Prado /
( sonho de prado seria flor?! /
sob luar no orvalho a cantar /
o gotejar da noite escura /
no escuro impuro ) /
e também Ledo Ivo /
ledo na madrugada de rocio cantante e silente /
antípoda de antípoda /
antífona de antífona /
assim como sou e o foi minha avó /
enquanto em natação por dentro e por fora /
- nadadora ou peixe dentro de si /
e fora de si! /
ó bem-ti-vi-do-brejo /
inexistente na ornitologia! /
dos ornitilologistas sem pássaros /
empós o dilúculo /
em réstia de luz /
- pano ou tecido amarelo de luz /
que aponta antes da manhã tecelã /
tecer toda a túnica inconsútil do dia ) /
Água é matéria plástica /
quase imaterial ou anti-matéria /
Artista plástica /
- mais plástica que Joan Miró ou Paul Klee /
Michelângelo Buonarotti ou Rodin /
Rainer Maria Rilke ou Kafka /
- mais plástica que o plástico /
o plástico sintetizado pelo humano inumano /
produzido pela indústria do homem /
industrioso ser /
cuja indústria produz um silêncio de pedra /
originário de um reino geológico /
que era em Eras /
de um passado enorme /
quase enterrado no eterno /
ou nas geleiras das Eras Glaciais /
Água é inteligente /
inteligência nata inata /
ou inteligência em ato /
nata da inteligência /
nata da inteligência /
inteligência da vida /
viva inteligência /
( ou seria fato /
agora que escrevo /
e quando a água escreve na areia /
e na rocha e nos corpos por dentro /
abrindo o livros dos genes /
o livro do Gênesis de dentro?!/
Ou seria fato /
algo posterior ao ato /
ato passado /
que não é mais ato /
mas sim fato /
pois ato é presente /
presença no ato /
do teatro da vida /
quando a escrevo /
ponha-a em história /
ponho água na história /
nesta versificada história da água?!) /
Água que é água /
sabe tudo de geometrias /
álgebras e matemáticas /
aritméticas e algoritmos /
arabescos e motivos florais /
axiomas e escólios /
corolários e razão suficiente /
ser e tempo e espaço /
e ritmos mosaicos em Mozart /
- Mozarts e mosaicos ritmos /
logaritmos costurando leis mosaicas /
Água mensura terra /
denuncia ondulações na terra e na água /
anuncia ou enuncia vento /
sopro de vento angélico /
( antes gélido que angélico!/
para ser bem cínico filósofo /
apos o cinismo virar cristianismo /
e depois Direito romano /
que é todo o Direito /
que sobrou para os povos /
- míseros povos! ) /
´´agua demonstra a gravidade /
e a escrita do relógio do sol em raios /
a mão do sol com calor /
tecendo a história da vida /
e da arte que o sol fez passar por cada reentrância do solo /
nos desvãos que ficam em ângulos /
cavados no chão /
em senos e co-senos /
nos buracos que desnivelam o chão /
que esteja calçado por cerâmica /
ou por cimento grosso /
a grosso modo posto /
Água, agua, água...: /
- água de dar sede ao pote! /
ao pote de barro de minha avó "mariinha'"/
de um minúsculo "m" no apelido /
mas um "m" que ponho no lugar do "n" de álgebra /
- de hábito de álgebra e arabesco de pura beleza /
no coração árabe que estava escrito no Corão /
- no coração da minha avó /
mulher da mais doce safra /
outrossim escrita estava ela /
na sura ' As Mulheres" /
do magnífico Alcorão /
livro santo do profeta /
escrito de oitiva /
- ouvindo a voz do anjo de Alá! /
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